Festas Judaicas (Chaguim)
Tzom Assará BeTevet
Enlutados pelas Vítimas do Holocausto
O dia 10 de Tevet foi escolhido como Dia Nacional de Luto pelas Vítimas do Holocausto cuja data de morte não é conhecida. Por que o dia 10 de Tevet foi escolhido para ser um dia de luto?
Panorama Histórico
O Holocausto atingiu proporções tão grandes de matança, que para a maioria dos mortos não foi possível determinar uma data para se celebrar o Yahrtzeit (aniversário de morte). Para muitos, também não havia sobreviventes para rezarem o Kadish (reza em memória pelos enlutados), então, como estas vítimas seriam lembradas?
Em 1948, o récem determinado Rabinato Central de Israel propôs um Dia Geral de Kadish para ser recitado em memória a todos que se encaixavam nestas categorias acima. Eles escolheram o 10 de Tevet, que tradicionalmente marca o início do cerco a Jerusalém que levou à destruição do Templo.
A Escolha do Dia
A escolha do dia claramente reflete a incorporação de uma tragédia contemporânea na tradição judaica. Umas das discussões geradas foi se isto não estaria se sobrepondo à Halachá, introduzindo-se novas formas de ritual no já tradicional ritual judaico
Ao escolher esta data, os rabinos estavam claramente assumindo que a tragédia do Holocausto deve ser vista dentro do contexto das catástrofes associadas à destruição do Templo e da Independência Judaica. Mas por que não escolher Tishá (9) BeAv, que é sem dúvida a principal representação desta noção, enquanto 10 de Tevet é sem dúvida a data menos significativa do calendário judaico?
De fato, o dia nacional para lembrança de todas as vítimas do Holocausto, Iom HaShoa VeHaGvura foi determinado no dia 27 de Nissan, depois dos dias felizes de Pessach, e próximo a Iom HaAtzmaut, dia da Independência de Israel, identificando claramente uma data significativa para a lembrança do Holocausto.
A escolha do 10 de Tevet como dia de memória para aqueles cujo Yahrzeit é desconhecido é mais do que uma concessão rabínica: o jejum é significativo pois representa a semente da destruição. O Holocausto, assim como a Destruição dos dois Templos, não aconteceram isoladamente. Foram eventos planejados sistematicamente.
Também havia sido sugerida a proximidade desta data com os eventos felizes de Chanucá, quando os serviços no Templo foram reestabelecidos após as medidas opressivas por parte dos tiranos gregos, quando a independência judaica foi renovada, servindo para ensinar uma importante lição: na prática, as conquistas dos hasmoneus tiveram curta duração. Em menos de cem anos do sucesso militar e espiritual de Yehuda HaMacabi, os Judeus voltaram a entrar em conflito, e a influência estrangeira novamente invadiu a tradição judaica.
Portanto, o jejum de 10 de Tevet implora para que cada Judeu considere não apenas os eventos pelos quais eles passaram, mas também os que seus antecedentes vivenciaram, e as conseqüências que eles tiveram. Isto é claramente alimento para nossos pensamentos, nos dias de hoje, na justaposição deste jejum e a não-tão-insignificante lembrança às vítimas do Holocausto.